Carinho, amor, afeição, bem querer, cuidado, interesse, saudade, proteção, simplicidade, cumplicidade, troca, confiança, respeito, amizade, namoro, relação afetiva, zelo, preocupação. Incrível como um “simples” ato de andar de mãos dadas com outra pessoa possa simbolizar tantas coisas ao mesmo tempo. Para quem testemunha a cena fica um certo ar de mistério e indefinição, pois como o gesto pode significar tantas coisas, não é possível determinar com precisão qual o elo entre as duas pessoas. Geralmente ele denota uma relação afetiva entre as duas pessoas, porém, não dá para afirmar categoricamente que, de fato, todos o são. Contudo, independentemente disso, o gesto continua com uma certa aura de universalidade, na medida em que é capaz de simbolizar tantas coisas. Ele é simples, porém, ao mesmo tempo, muito forte. Um beijo na boca, por exemplo, em virtude do elevado grau de intimidade que ele denota entre as duas pessoas, já não contém tanto mistério assim. Ele é mais objetivo e direto em seu significado: as duas pessoas têm uma forte relação afetiva. Ele pode ser, digamos, um beijo comum ou então um beijo cinematográfico de arrancar suspiros de quem o testemunha, mas ainda assim continua com sua objetividade simbólica. Por outro lado, dar as mãos, ou andar de mãos dadas com outra pessoa é considerado um ato tão prosaico pela maioria das pessoas, que passa praticamente despercebido. Tanto é verdade que na literatura, em telenovelas, cinema e teatro, não consigo identificar registros de cenas que enalteçam e/ou valorizem este gesto. Acredito que você também não conseguirá se recordar, por exemplo, de nenhum filme de comédia romântica que tenha algum momento em sua trama onde se destaque o instante onde os protagonistas tenham se dado as mãos pela primeira vez, ou então em momentos subsequentes. Em contrapartida, creio que você conseguirá resgatar em sua memória incontáveis cenas de beijos entre casais, cenas de relações íntimas (desde as que são meramente insinuadas até as mais explícitas), de declaração de um sentimento mais forte, pedidos de casamento, rompimentos, entre inúmeras outras situações. Isso quer dizer então que eles não têm seu valor ou que são lugar comum? Bom, não é bem isso que quero dizer. Naturalmente que são importantes e fazem parte do amplo espectro de manifestações de afeto entre as pessoas. Contudo, a proposta que trago consiste em um convite para a ampliação da percepção das pessoas e para que passem a notar e valorizar também este gesto. Em economia existe um termo em inglês chamado “commodity”, o qual serve para designar produtos e mercadorias que são tão básicas que é praticamente impossível distinguir-se diferenças substanciais entre elas. Consequentemente, os produtos classificados como “commodity” têm geralmente como único atributo de valor seu preço, ou seja, eles são vistos predominantemente como caros ou baratos. Simples assim. Bom, mas como este texto não é sobre economia, vamos parar por aqui. Mais adiante resgatarei este conceito para ilustrar outro aspecto.
0 Comments
Leave a Reply. |
Luiz ValérioIndependent writer with a passion for traveling, photography and connecting them to literature. Archives
December 2017
Categories |